quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Pressa


Descobri que posso inventar tudo novo, sem repetir o que já vivi. Estou espantada com a capacidade de renovação que eu nem sabia que tinha. Tem um nome bobinho pra isso, que não gosto, mas que dizem que é inspiração. Inspiração me lembra algo muito brega, sempre imagino um pintor sentado num parque, numa paisagem francesa, pintando um quadro sem graça, piegas.


Mas estou muito feliz e isso, claro, me assusta um pouco. Porque sou afobada, ansiosa, minha vó dizia isso enquanto eu comia a massa do bolo antes de ele entrar no forno. E depois ficava ali de guarda, olhando o bolo crescer. Como aquilo demorava. Acabei de lembrar de outro episódio que mostra o quanto sou ansiosa. Ganhei uma galinha de presente quando fui passar férias no sítio da minha tia. A galinha estava chocando uns ovos e, segundo minha tia, os pintinhos iriam nascer em pouco tempo. Mas quem disse que eu deixava a pobre galinha chocar os ovos? Toda hora ia lá perto para ver e tirava ela do ninho. Tá, eu era criança e crianças são meio abestalhadas de vez em quando.


A verdade é que não sei mais me comportar no modo de espera. Quero tudo pra agora e já. Me vêm à cabeça todas os ditados, metáforas e provérbios próprios para o momento. Devagar se vai ao longe. O apressado come cru (mas eu adoro sushi). Quem espera sempre alcança. Vou respirar fundo e tentar conter meus milhões de impulsos para não sair atropelando o tempo. Sei que isso assusta e espanta. Mas só entenda que é uma vontade de viver muito e que há tempos eu não sentia. É como a fome. A sede. Quando estão grandes, você só pensa na saciedade.


Se puder entender isso, fico mais tranquila. Aí poderei voltar a ser quem realmente sou. Nem tão normal, nem tão maluca. Mas o suficiente para deixar que tudo aconteça no tempo certo. Seja lá o que isso quer dizer.

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