quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Daqui por diante


Você me diz que tratará de arranjar um jeito de arrancar seu amor por mim. Como parar de fumar ou beber.  “Pare de amar e emagreça dez quilos”. Parece fácil? Já o vejo colocando adesivo no carro. Mostrando fotografias de antes e depois.  Tem medo que eu o descarte, portanto é melhor acabar agora. Não vai arriscar. 

É com facilidade que afirma. Com desembaraço. Assim como trocar o dia cinco pelo seis na folhinha do calendário. Está cansado de explicar. Explicar o que nem entende. Você é capaz de casar para se vingar. Fingir que está feliz. Colocar toda a sua concentração para me convencer que conseguiu. 

Serei deportada de sua memória. Explica que não é pessoal, é uma decisão técnica. Há outras vidas inocentes em jogo. Não é justiça, é desespero, que dá no mesmo. Sofrerá um pouco de contrariedade no início. Como um vício. Após a primeira semana passa. Acredita que passa.  

Você decidiu que não presto para sua vida, que merece alguém melhor. Como quem escolhe ser vegetariano. A partir de hoje, não comerá mais carne. Eu não presto, nunca prestei, mas o amor que você sente não tem nada a ver comigo. Ele não depende de nós para nascer ou morrer. 

Isso só descobrirá depois. Depois de desistir de desistir de desistir. 

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