sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Tudo o que eu sou agora.

Da minha janela o dia se mostra preguiçoso. O barulho da chuva embala os cômodos da casa transformando tudo em serenidade, congelando os momentos. E eu torço pra não fazer sol. Vontade de passar o dia no edredon, mas o mundo espera por mim lá fora. É a vida dizendo que faz sentido. Viver é louco demais. Mas ninguém fala isso, ninguém fala. E eu me sinto tão absurdamente sozinha. Sozinha e hipócrita, porque eu também não vou ligar pra ninguém e falar que o mundo é louco demais. Eu vou continuar sendo inteligente em almoços, e criando campanhas bonitas com criancinhas inteligentes, e fazendo comentários inteligentes em jantares e parecendo alguém normal com uma pitadinha de humor britânico. E eu vou continuar absurdamente sozinha aqui. Na espera de comprar o mundo de volta e ordenar que você volte. Eu sou uma bolha de detergente, cansei de exterminar os restos e limpar as sujeiras e saí para voar um pouco. Só não fui avisada de minha fragilidade e estourei, para sempre nada, nem cheiro, nem cor, nem transparência, nada. Tudo foi lavado, desinfetado, seco e guardado, a vida continuou e a minha pequena vontade de arrumar a casa nem sequer é mais lembrada. Sou inteira um pseudo algo, desejo pseudo coisas e quase sei para onde ir agora. E o mais fantástico de tudo é que já que estou tão à vontade, já que meu cérebro louco não está vivendo nem no passado e nem no futuro e apenas no presente do seu corpo quentinho e cheiroso nesse dia nublado. Eu nunca senti tanto prazer em toda a minha vida.

A menina da bolha.

Porque, vez enquando, você se sente a menina da bolha. Lá dentro, nada nem ninguém pode lhe atingir. As chatices, os enganos, as decepções, os medos, os exageros, fica tudo do lado de fora, enquanto você se diverte com livros, revistas, filmes, discos, amigos, lembranças, desejos e o que mais você quiser levar. Afinal, a bolha é sua e lá é você quem manda. Aliás, a bolha é o único lugar no mundo inteirinho onde você faz exatamente o que bem entender. Infeliz ou felizmente, isso não dura muito tempo. Uma hora, a bolha se enche de tédio e é preciso um anfinete pra escapar e respirar outros ares. E cá estou. De mala e cuia. Num lugarzinho despretensioso, mas cômodo e bonito, onde procuro expor o melhor de mim, polir vitrines e pendurar delicadezas na parede. Deste encontro e deste lugar, resultará algo muito siginificativo pra mim: a oportunidade de explorar a interação entre sentimentos e palavras. Pelos labrintos da vida ou pela geografia da internet. Até lá!