sábado, 4 de julho de 2009

A nova moral das telas.

A arte do cinema pode interferir em nossas vidas, no universo de ficção e de imagens reais ou do nosso imaginário. O sentimento, a emoção e a mágica atuam e mantêm a semente de novas atitudes e ideias no jogo visual de ficção e realidade transfiguradas. O cinema, mais do que outra arte, permite esse jogo de espelhos de face dupla. O certo é que a estética mudou e a moral também. É difícil assumir o cinema como um curioso retrato da vida nos dias atuais, quando tudo é muito transparente. Tudo parece ficção, mas que pode alterar destinos. Mas certos filmes ainda conseguem refletir a vida. Quando assistimos a certos filmes o erro é não procurar unir a vida real àquela da ficção exagerada em que o vídeo apresenta como se fossem uma só. E então o resultado é cópia ou ilusão do que é real. Curiosa, gigantesca e imensa, a população atual, em lugar de procurar ignorar, adora saber o que acontece de estranho e como fazer. ''O mundo cresceu e ao mesmo tempo ficou pequeno'', metáfora de uma aldeia. Todos querem descobrir segredos, valorizando o que não tem valor ou essência. Mulheres têm de ser sensuais e eróticas tal como aparecem nas telas, e os homens também, com ou sem preconceitos. O melhor é dizer: "fiquem", assumam e sejam liberais. Essa é a nova moral.

sábado, 6 de junho de 2009

Dos absurdos


Costumo ler as páginas policiais dos jornais. Aquele desfilar de crimes, quase sempre cometidos por motivos tão banais; ou pelo pó que vicia; ou pelo ciúme sexual que não pode ser domado; ou porque desejavam ter um tênis que não podiam comprar. E esse universo distante, envolvido em miséria e ambições sem consciência, chega pela manhã. Tenho uma desculpa ou consolo por não ter sido o responsável pelas tragédias que acontecem. Pessoas olham de longe o drama nas ruas onde o sangue não se apaga, depois fecham as janelas e voltam para as suas camas fazendo o sinal da cruz e adormecem rezando para que não aconteça com eles. A beleza nasce quase sempre da determinação de ver o que é mais bonito, não importa onde. O jasmineiro que perfuma a noite, o rio se contorcendo no contraste de palafitas e prédios vertiginosos. Não sei se é maturidade ou não, mas já me convenci de que a beleza é um sopro tranquilo que sai do peito e se liberta na imensidão da paisagem interior ou não. E ser feliz? Está na capacidade de cada um relaizar determinados sonhos. E alguns custam tão pouco e não acontecem.

sábado, 30 de maio de 2009

Help


Tem dias em que absolutamente tudo parece absolutamente insuportável.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Tudo o que eu sou agora.

Da minha janela o dia se mostra preguiçoso. O barulho da chuva embala os cômodos da casa transformando tudo em serenidade, congelando os momentos. E eu torço pra não fazer sol. Vontade de passar o dia no edredon, mas o mundo espera por mim lá fora. É a vida dizendo que faz sentido. Viver é louco demais. Mas ninguém fala isso, ninguém fala. E eu me sinto tão absurdamente sozinha. Sozinha e hipócrita, porque eu também não vou ligar pra ninguém e falar que o mundo é louco demais. Eu vou continuar sendo inteligente em almoços, e criando campanhas bonitas com criancinhas inteligentes, e fazendo comentários inteligentes em jantares e parecendo alguém normal com uma pitadinha de humor britânico. E eu vou continuar absurdamente sozinha aqui. Na espera de comprar o mundo de volta e ordenar que você volte. Eu sou uma bolha de detergente, cansei de exterminar os restos e limpar as sujeiras e saí para voar um pouco. Só não fui avisada de minha fragilidade e estourei, para sempre nada, nem cheiro, nem cor, nem transparência, nada. Tudo foi lavado, desinfetado, seco e guardado, a vida continuou e a minha pequena vontade de arrumar a casa nem sequer é mais lembrada. Sou inteira um pseudo algo, desejo pseudo coisas e quase sei para onde ir agora. E o mais fantástico de tudo é que já que estou tão à vontade, já que meu cérebro louco não está vivendo nem no passado e nem no futuro e apenas no presente do seu corpo quentinho e cheiroso nesse dia nublado. Eu nunca senti tanto prazer em toda a minha vida.

A menina da bolha.

Porque, vez enquando, você se sente a menina da bolha. Lá dentro, nada nem ninguém pode lhe atingir. As chatices, os enganos, as decepções, os medos, os exageros, fica tudo do lado de fora, enquanto você se diverte com livros, revistas, filmes, discos, amigos, lembranças, desejos e o que mais você quiser levar. Afinal, a bolha é sua e lá é você quem manda. Aliás, a bolha é o único lugar no mundo inteirinho onde você faz exatamente o que bem entender. Infeliz ou felizmente, isso não dura muito tempo. Uma hora, a bolha se enche de tédio e é preciso um anfinete pra escapar e respirar outros ares. E cá estou. De mala e cuia. Num lugarzinho despretensioso, mas cômodo e bonito, onde procuro expor o melhor de mim, polir vitrines e pendurar delicadezas na parede. Deste encontro e deste lugar, resultará algo muito siginificativo pra mim: a oportunidade de explorar a interação entre sentimentos e palavras. Pelos labrintos da vida ou pela geografia da internet. Até lá!