segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Além do horizonte.




Com os olhinhos curiosos da infância, Davi fitava o horizonte.
Ficava imaginando quantas coisas se escondiam do lado de lá. Atrás daquela linha misteriosa, estava oculto um mundo inteiro. O sol, quando se punha, mergulhava vagarosamente lá no fundo. Os carros que subiam a lomba desapareciam depois da linha. Imaginava Davi que eles caíssem do outro lado. Ele não tinha certeza para onde iam, nem se algum dia voltariam. Mas invejava que eles descobrissem aquele mundo mágico que ele sabia existir após aquele inalcançável traço. Imaginava que seu pai, quando viajava, ia para adiante do horizonte. Seu pai certamente conhecia tudo o que existia do outro lado, mas não contava nada para ninguém. Era segredo. Um mundo mágico não pode ser propalado aos quatro ventos. Deve ser guardado a sete chaves. Senão não é misterioso, nem mágico. Talvez ele crescido também pudesse ir para lá. Ficava satisfeito ao pensar que um dia conheceria o outro lado. Veria os carros todos caídos em algum lugar, o sol descansando em algum canto e tantas outras coisas que só existem do lado de lá. Seu pensamento foi interrompido pelo grito de sua irmã. Estava na hora de trocar a janela pela televisão. Com um aceno para o horizonte, Davi se despediu do seu enigmático amigo e correu para não perder mais um episódio do seu desenho preferido.

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