Já devíamos ter nos acostumado com essa coisa de mundos acabando todos os dias.
Só aqui, nessas minhas ideias, se vão uns 12 por semana.
A maioria vai de morte morrida. Os mundos que são tantos e tão altos morrem porque a gente é meio covarde pra coisas assim, que giram a cabeça. Aí a atmosfera deles fica meio podre e eles adoecem e morrem.
Outros mundos acabam por esquecimentos muitos – ou por esquecimentos poucos. Porque pra esquecer é preciso sempre lembrar duas vezes. Aí eles se consomem num loop contínuo de lembrar-esquecer e vão perdendo pedaços e pedaços até sumir.
E tem também aqueles mundos que a gente não quer que acabe de jeito nenhum. E aí a gente cuida. E aí eles ficam grandes. E aí a gente fica giro-orbitando por eles e plantando histórias e arquitetando mapas. Quando a gente vê, já tem até habitante.
Mas acontece que mundos acabam todos dias e ninguém se acostuma com isso nunca.
Só que aí, um tempo depois, passa aquele buraco negro de fim de mundo. E se sente no espirro a poeirinha cósmica juntando-amontoada e se ouve por aí o canto de acasalamento das moléculas, que vão encaixando seus bracinhos atômicos aleatoriamente de novo e de novo.
E embora nenhum mundo nasça de novo – porque aleatoriamente nunca é igual – a gente sorri de certeza.
A de que aquele mundo, tendo existido, foi a coisa mais linda.
De todos os outros mundos.
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