quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Pra você

Querido,

de novo estou atrasada. E de novo posso arrumar inúmeras justificativas injustificáveis. Não sei se está incomodando você esse tempo em que não estamos tendo para falar de coisas corriqueiras. Pra mim, tá começando a ficar bem chato. Porque gosto de saber das coisas comuns, se você está aproveitando o seu tempo para o trabalho artístico ou procurando algum, se está lendo algum livro, pra onde tem ido, que filmes tem visto, se já escutou aquele álbum do Gun's que ficou faltando. Só não tenha dúvidas de que acordo pensando em duas coisas: preciso escrever e preciso falar com você.

Hoje, em especial, gostaria de estar perto de falar de como estou me sentindo. Acho que estou perto desse fim de balanço. E, talvez por isso, não tenho tido assunto suficiente para transformar em um texto. Você inventa histórias e eu só sei falar de mim mesma. As poucas que criei não chegam a fazer número para eu poder acreditar que também consigo.

Como acabei transformando nossos diálogos num meio de vomitar todas as dores que me incomodavam e após tantos anos eu me colocando como a personagem principal de quase tudo que está escrito aqui, parece que esvaziei. E agora? Além de atrasar nossas conversas, transformei nossa companhia em consultório sentimental.

Joguei em você muita coisa que estava agarrada e posso dizer que me sinto melhor – mas que fique bem claro, foram anos pra me recuperar de um tanto de trancos. Não consigo ser feliz em dez lições. Dez mil, talvez.

Quero comentar com você o último filme que vi, uma animação bastante inteligente. E saber se você gostou tanto quanto eu. Quase não tenho saído, e agora com o trabalho que me consome, preciso me desdobrar.

Fui no restaurante que éramos para ter conhecido, adorei. O lugar é bem bonito e a comida não decepciona. O preço é meio desonesto mas os garçons são sorridentes. Precisamos ir qualquer dia.

Seu aniversário está próximo e torço muito para que comemoremos juntos, é algo que não pode deixar de acontecer.

Estou meio lerda para formular ideias, tenho trabalhado, ou melhor, executado um sem número de peças. E como estou novamente fora de minha praia, me perco, morro de medo de esquecer alguma coisa, tenho sonhos com clientes brigando comigo e na verdade eles brigam mesmo. Não sei lidar muito bem com isso, fico um tanto quanto atormentada.

Minha mãe vai tirar férias daqui a alguns dias e sinto que nosso tempo já está perto da data de validade. Todo ano é igual. Alguma coisa entre a gente é frágil, em menos de um mês já estamos nos tropeçando. Depois de novembro, ela volta para as atividades. E eu volto a ser dona do meu espaço.

Além desta carta, iniciei outros textos, e vou deixá-los prontos para não passarmos por isso novamente. Cansei de sentir que estou atrasada.

Miss you,

Nenhum comentário:

Postar um comentário