sábado, 6 de outubro de 2012

Circunstância


É uma tarde preguiçosa. Um dia atípico em que se fica totalmente livre. Você ganhou uma folga ou ficou doente, com o tempo feio que faz lá fora, a sua tarde se resume a você e às quatro paredes do seu quarto.

Você deita na cama com o laptop na barriga, ouve o barulho da chuva e, de vez em quando, olha para a TV ligada e quase esquecida.  Entre uma zapeada nos canais e uma caneca de café, você se pega assistindo à Sessão da Tarde. O filme já começou e você provavelmente já perdeu o primeiro bloco. Mas tudo bem, você sempre quis ver aquele filme, ele não foi nenhum sucesso de bilheteria, não foi pra Cannes, mas você curte aquela atriz, ela tem pernas bonitas, é engraçada e tem ótimas tiradas. E você se toca que nunca assiste à Sessão da Tarde porque é uma pessoa ocupada, seu tempo é curto e, se não fosse a chuva ou a gripe, certamente você estaria na rua fazendo outra coisa.

A história é boba, mas te prende a atenção, te envolve, te arranca uns sorrisos. É, você gosta do que vê. Até que o filme acaba e você pensa “até que foi legal, mas é só mais uma comédia romântica”. E comédias românticas são feitas pra isso, para as tardes livres de solidão. E verdade seja dita: daqui a meia hora, você já esqueceu do que viu.

Sejamos francos, você nunca iria ao cinema pra assistir a um filme desse tipo, não convidaria um amigo para vê-lo, não tiraria o carro da garagem pra isso. É desses filmes que te valem duas horas de entretenimento sem compromisso. E eu me sinto assim, a sua Sessão da Tarde, a sua companhia sem muita expectativa ou grande emoção. Como um desses filmes que não valem o ingresso e, de tempos em tempos, tem reprise garantida. Aí você me assiste de novo, me sorri de novo e me esquece de novo.

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