“De boas intenções o inferno está cheio”, e por isso eu fui
parar lá.
O fogo não é tão quente quanto esperamos. Se o “frio é
psicológico”, o calor não passa de um estado de espírito. Não arde, não queima, mas dá um mal estar.
O fogo do inferno me queimava enquanto eu pensava sobre as
atitudes que não tomei. Aquele caminho sem volta de todo dia – a rotina – só
fazia com que o purgatório fosse uma espécie de residência fixa. Eu não morava
lá, mas era lá que eu me sentia bem.
Os demônios agem como pessoas comuns, até porque são. Talvez
não na minha frente, mas sinto que pelas costas eles atuam como pequenos
núcleos de uma grande base que movimenta as minhas escolhas. Eu tenho o poder
de escolher. Eles têm o poder de influenciar.
Entre infernos e demônios existe o meu dilema. O
mal estar do calor, o bem estar do purgatório e os diabos moldando as situações
criam o meu próprio inferno, da qual nenhum outro faz parte, nenhum pode entrar
e eu não posso sair. O meu inferno pessoal está ligado diretamente aos meus
desejos, as minhas palavras, a minha vontade. Não sei se quero sair do inferno
enquanto ele está assim, superficialmente confortável.
Enquanto viver, não posso sair do inferno, pois “o inferno
são os outros”.
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