Eu tenho um mundo dentro de mim. A minha ingenuidade que o
fez. Os sentimentos fraternos de amizade, amor e carinho foram os materiais
essenciais para a construção das casas e prédios que o comporão. Em cada uma
dessas moradias eu guardava uma pessoa que a mim significava alguma coisa. Nos
edifícios mais altos, habitavam as pessoas que eu mais gostava e que eu tinha
um enorme apreço. Logo, toda alegria que surgia diante de tal fraternidade,
levianamente, fez emergir nesse mundo tudo muito do perfeito até o aprendizado nascer. Inimigo da
ingenuidade, com ela, veio a brigar.
Sem perceber, cresci enquanto presenciava edifícios
desabando sem entender o porquê de tudo aquilo. Eu não queria que em ruínas as
casinhas lá em baixo também desmoronassem. Inevitável. Corroía tudo e
eu só sabia questionar mesmo sem ter respostas, só fazia isso. Chorar talvez fosse o preço que devia ser pago por todos os sorrisos dados por
ter aquele mundo perfeito dentro de mim. Se assim foi, secou-me a fonte pagando mais do que eu devia.
No meu interior, fragmentos incontáveis.
Fluídos delineavam o que havia restado daquele mundo. Fluídos de força? Só sei
que me fortaleci quando me vi na situação de reconstruir tudo à espera de novos
habitantes. Ingenuidade dando sinal de vida outra vez. A cada construção, mais
cautela. Porém, nada adiantou. Efeito dominó. Cada desastre um pior que o
outro. Foi quando percebi que o erro não estava nas obras, mas sim em quem
nelas habitaram. Fim da ingenuidade e de materiais de construção.
Mundo vazio. Embaixo dos
escombros ficaram as lembranças e eu não quero revirar nada para responder. Melhor
deixar assim.
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