sábado, 5 de maio de 2012

Quando o hard rock sabia amadurecer

     Quando se fala em Led Zeppelin, o que vem a cabeça de muita gente é Starway to Heaven. Música batida, e muito. Mas é inegável de que se trata de uma obra-prima e umas das mais belas canções da música universal. Porém, não irei comentar e muito menos analisá-la. Como toda banda decente deste infinito universo de música boa, eles cresceram. O disco House of the Holy, de 1973, é o amadurecimento da banda. Particularmente é o disco que mais gosto, porque é uma enciclopédia musical dos anos 1970. Não que tenha o melhor da banda neste disco, mas ele não é nem pesado, nem leve, nem agressivo, nem amoroso. É um álbum para ouvir em qualquer situação.
      Led Zeppelin foi além do Hard Rock. O disco começa com um verdadeiro soco na cara. Uma mistura ousada do rock pesado com progressivo. Jimmy Page está em sua melhor fase. Suas trilhões de guitarras se tornam uma única melodia. A bateria de John Bonham e o baixo de John Paul Jones mostram autoridade, como se eles fossem o dono de toda essa atmosfera. E até são. Já que citei Starway to Heaven, The Rain Song  também entraria fácil na lista das músicas mais belas do homem. A voz melancólica de Robert Plant vai crescendo e se torna parte única de uma música que parecia até então, sem grandes pretensões. Assim como em Over the Hills and Far Way, parece ser uma balada acústica, e de repente tudo cresce.
      O amadurecimento deles fica muito evidente devida a diversidade de estilos que há no disco. O funk The Crunge é um bom exemplo. E não só pela levada, mas pela harmonia, dinâmica e arranjos. Além de citar, por justa causa, frases de James Brown. E por falar na diversidade, eles provam que boa música pode sim e deve ser simples. Dancing Days é uma gostosa canção. Daquelas que qualquer versão que ouvir vai ficar boa. Como se estivesse no balcão de um bar e um cara com violão começasse a tocá-la. E por falar em viagens entre estilos, nada como citar o único hit deste disco: D’yer Mak’er. Um reggae. E ninguém pode exigir mais do que ela é. Porque é maravilhoso ver uma banda inglesa querendo brincar em um estilo do qual não fazia parte da cultura, até então. E brincaram muito bem. No Quarter mistura progressivo, rock e psicodelismo. Led Zeppelin mostrando que o rock não estava envelhecendo.
      O disco fecha com The Ocean. Um ótimo riff de guitarra e melodia bem roqueira, para ser sincera. Ela tem uma atmosfera “ao vivo”. Ou seja, parece ser gravada com todos os instrumentos ao mesmo tempo. Uma bela despedida para uma obra-prima da música. E como despedida, ao final desta canção, entra uma melodia festiva. Lembra muito os melhores momentos dos Beatles. Como se fosse um “boa noite” de um show que valeu a pena ir. De um disco que vale a pena ouvir.
      O único fato lamentável desta bela época do rock, é que adolescentes que vivenciaram discos como o House of the Holy não souberam evoluir. E já crescidos, nos anos 1980, tocavam e se vestiam melhor que sua mãe e irmã. Aquela geração que cresceu ouvindo Led Zeppelin e outras influências do Hard Rock, não aprendeu a lição de casa e preferiu brincar de bonecas.

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