terça-feira, 3 de abril de 2012

Viagem à roda do meu quarto

Passarão horas. Pelo fio estreito dos ponteiros: passarão todos os segundos. E as paredes ainda assim resistem, como se guardassem um segredo imenso que enquanto não sei, conservam e por isso me conservam dentro do meu quarto. A cama desfeita expõe alguma nudez que já perdi, talvez feita no interior da madrugada quando os sonhos habitavam o quarto mais do que eu - sempre me pergunto se o ar fica mais grosso e irrespirável quando dormimos. É que a cada momento esse espaço desenhado por tijolos parece ter um tamanho diferente e apresentar outra face de si para mim: às vezes acordo, o quarto me olha sóbrio e, cúmplice dos meus sonos e insônias, revela que sabe de mim mais do que sei.

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