Da minha janela o dia se mostra preguiçoso. O barulho da chuva embala os cômodos da casa transformando tudo em serenidade, congelando os momentos. E eu torço pra não fazer sol. Vontade de passar o dia no edredon, mas o mundo espera por mim lá fora. É a vida dizendo que faz sentido. Viver é louco demais. Mas ninguém fala isso, ninguém fala. E eu me sinto tão absurdamente sozinha. Sozinha e hipócrita, porque eu também não vou ligar pra ninguém e falar que o mundo é louco demais.
Eu vou continuar sendo inteligente em almoços, e criando campanhas bonitas com criancinhas inteligentes, e fazendo comentários inteligentes em jantares e parecendo alguém normal com uma pitadinha de humor britânico.
E eu vou continuar absurdamente sozinha aqui. Na espera de comprar o mundo de volta e ordenar que você volte.
Eu sou uma bolha de detergente, cansei de exterminar os restos e limpar as sujeiras e saí para voar um pouco. Só não fui avisada de minha fragilidade e estourei, para sempre nada, nem cheiro, nem cor, nem transparência, nada. Tudo foi lavado, desinfetado, seco e guardado, a vida continuou e a minha pequena vontade de arrumar a casa nem sequer é mais lembrada. Sou inteira um pseudo algo, desejo pseudo coisas e quase sei para onde ir agora. E o mais fantástico de tudo é que já que estou tão à vontade, já que meu cérebro louco não está vivendo nem no passado e nem no futuro e apenas no presente do seu corpo quentinho e cheiroso nesse dia nublado.
Eu nunca senti tanto prazer em toda a minha vida.
Engraçado você ter escrito, porque é exatamente assim. A gente vê a vida acontecendo, e se sente bem estando fora dela. Não sei se é com todo mundo. Mas comigo é exatamente assim. Que bom, somos iguais, mesmo nisso.
ResponderExcluirEstou admirada. Sempre soube que viriam coisas lindas de você. Mas vê-las na tela é realmente encantador.
Estou seguindo seu blog.
Depois olha no meu blog os comentários, pra ir conhecendo blogs de outras pessoas. :)
Beijo!
PRIMEIRA a acompanhar, inteiramente honrada.
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