quinta-feira, 26 de maio de 2011

Falácias.

Minha geração entra no ônibus e liga o som do celular bem alto para que ela possa repartir com todo mundo coisas boas da vida. Também senta no lugar reservado para idosos, gestantes e deficientes - incluindo momentos em que estes estão presentes - porque esta reserva é um indício de que a repressão ainda ronda nosso país. Isto, claro, fruto da consciência política que vem se ampliando cada vez mais, porque sabem que o pensamento falacioso não faz parte deste grupo, e sempre há novas cabeças para invadir reitorias com foco certeiro para a melhoria da Educação nacional.
A principal base para o aprimoramento desta maravilhosa luta que contagia grande parte dos estudantes, com certeza, é levar em consideração que todos eles têm imenso respeito pela função do professor na sociedade, o respeito pelo estabelecimento e pelos bens públicos que, como dizem e muito bem sabem (certamente, como mostram em atitudes diárias), são deles e de todos aqueles que não têm tempo de lutar também.
Minha geração também aprendeu muito mais sobre a linguagem corporal e o respeito ao trabalho do próximo e perdeu muito do preconceito de classes, raça, gênero, opção sexual e origem. As palavras antigamente necessárias para o convívio diário como indicação de satisfação, pedidos e agradecimentos não são mais necessárias porque gastam muito tempo e nós somos da geração da velocidade. Em um shopping center, por exemplo, também não são mais necessárias as bandejas levadas até o lixo porque, afinal, alguém que cuida de um estabelecimento inteiro pode muito bem pegar a porra da bandeja e levar até o lixo, porque a minha geração também paga pra isso.
Aliás, muito bem lembrado, boa parte da minha geração gosta de viver nos anos 70 da imaginação. É uma prática (até que) bastante corrente e engloba toda a reformulação da década. Claro, isso inclui um monte de coisas como, por exemplo, o desapego material dos hippies, o som do verdadeiríssimo roquenrou que é recriado e super original por diversas bandas do cenário musical, tudo isso com muita galera doida e colorida, cheio de amor pra dar e dando aos montes, cheia de colaboração mútua entre os amados amigos. Logicamente, no pacote, não estão inclusos colaboração para momentos sóbrios, consideração de dificuldades e entrega, dá muito trabalho. Também é válido ressaltar que minha geração não trabalha, reclama de trabalho, porque isso seria reconstituir o andamento perdido da antecessora geração desta minha. Outro ponto importante é que há muita revolução a se fazer, por isso, minha geração dá-se o direito de sair da realidade com o dinheiro do próximo, e reclama de trabalho usufruindo de terceiros.
Minha geração é contra. É contra a reforma ortográfica, mas não sabe muito bem porquê. Deve ser porque todo mundo sabia muito bem as antigas regras e, provavelmente, vão perder muito tempo aprendendo as regras novas, principalmente as de hífen (que já sabiam tão bem). É contra a literatura complexa, é contra a literatura fácil, é contra a literatura medíocre. Por isso, monta páginas em que explora os sentidos. Sentidos vários. Literatura de blogue, todo mundo é escritor. Contra, também.
Minha geração é muito bonita e culta. Cultura custa 60 reais, e não 10, mas vale reclamar que a cultura de 10 não tem público porque a sociedade não a valoriza.
Minha geração gosta mesmo é de reclamar da minha geração. Ela é capaz de gerar outra geração que não vai ser a minha e isso não é justo. Ela não existe, só ocupa espaço.

Um comentário:

  1. A nossa geração pode até fazer muita coisa errada, mas ainda é a nossa geração. Tanta gente diz que gostaria de ter nascido em outra época, mas só diz isso porque não sabe realmente como era a vida naquele tempo. Falta de respeito sempre existiu, pessoas contra tudo e reclamando de tudo também sempre existiram.

    A nossa geração pode não ser a melhor de todas. Pode até ser uma das piores. Mas eu tenho orgulho de fazer parte dela.

    Beijo.

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